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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Como nossos pais...

Uma das maiores e melhores conversas que tive ocorreu ontem...
Com minha mãe.
Num desabafo meu sobre resistência conservadora na família e o uso do senso comum...
...Discursos velhos que não cabem mais, comprovados pela realidade. Muitos são oprimidos pelas bocas que insistem em afirmar regras que não existem mais.
Dizia a ela como me incomoda alguns conselhos paternos proferidos quase como ordens. Pior ainda quando tais conselhos eram e continuam sendo fundamentados em discursos de cunho conservador, carregados do preconceito m ais barato, justificados com a seguinte frase "Tudo isso, para o bem de vocês", e assim seguiam-se as regras: Não andem com x, não falem Y não aceitem isso ou aquilo...
Realmente, às vezes conselhos dados não servem, pelo simples fato de não se conhecer a fundo as pessoas a quem eles estão sendo sugeridos.
A conversa ia mais a fundo...
Comentei com ela como é comum ouvir dos mais velhos "No meu tempo as coisas não eram assim... Os filhos baixavam a cabeça e era assunto encerrado"...
"Na minha época não tinha nada do que vocês têm hoje"
Ou ainda
"Que desaforo, no meu tempo filho não respondia pro pai, se respondesse apanhava".
A conclusão que se chega por tais discursos é a de que "O mundo hoje tá perdido".
Bom... De maneira simplista me pergunto: O que essas pessoas querem?
Fiz então algumas colocações:
1. Querem que não falemos, não questionemos, aceitemos a situação das coisas em nome de um passado conservador?!
2. Não entendo, mas fazendo uso de uma visão quase que evolucionista, acredito que desde a época dos nossos pais é possível perceber que as coisas mudaram, mas parece que isso incomoda muita gente... A mudança os assusta.
3. Quando falam "não sei por que esses jovens reclamam tanto, no meu tempo não tinha tal coisas, hoje eles têm!". Ter ou não ter tal coisa, não significa que tenhamos que nos acomodar ou agradecer, mas o que é que esperam de nós?
Que acreditamos numa evolução das coisas e em nome disso excluamos os problemas de nosso presente?
...
O pensamento conservador segue, o que mais me espanta é que ao perguntar: "Tá mãe, mas na sua época, você gostava disso... dessa repressão familiar?" a resposta veio... "Não tínhamos de gostar ou não, somente obedecer".
Novamente me perguntei...
Então, o que esperam de nós?
Reprodução de um comportamento marcado por uma das instituições mais antigas da História: A família.
Espero que um dia eu não cobre dos meus filhos um comportamento X , em nome de um passado pelo qual eles não passaram e que a frase da música que diz "Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais",seja diferente...



Ainda bem que diferente de outros 'mais velhos’, ela não faz uso do apelo à autoridade. 
Mesmo incomodada com o assunto, soube ouvir e dialogar.
...
Amo minha mãe.

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